Joaquim Gonçalves Dutra, primeiro Agente Executivo (prefeito) de Manhuaçu |
Na edição especial do jornal DIÁRIO DE MANHUAÇU para
comemoração do aniversário de Manhuaçu, que completa no dia 5 de novembro 136
anos de sua emancipação política, a coluna ‘Na Lente da História’ conta nas
próximas linhas detalhes do movimento arquitetado por lideranças políticas
daquela época, para dar ao então povoado de São Lourenço do Manhuassú a sede do
município recém-formado.
Quatro anos antes da criação do novo município, já se sentia
um movimento entre a população de todo o vale de Manhuaçu por sua emancipação
do município de Ponte Nova. Antes disso, no ano de 1866 o povoado de São Simão,
hoje Simonésia, foi elevado à categoria de distrito daquele município. O mesmo
acontecendo com o povoado de São Lourenço no ano de 1873. Nesta época ainda São
Lourenço de Ponte Nova, que depois alterou o nome para São Lourenço do
Manhuassú, atual Manhuaçu.
A população crescia a cada ano e o desenvolvimento da região
era notado pelas autoridades da então Província de Minas Gerais. A questão da
demarcação da fronteira entre esta província e a do Espírito Santo também
motivava a oficialização destas terras para o povo mineiro. Deste modo foi
criado o Município do Rio Manhuaçu, desmembrado de Ponte Nova pela Lei 2.407 de
5 de novembro de 1877 e promulgada pelo presidente da província, João
Capistrano Bandeira de Mello. O novo município abrangia uma grande área que ia
do Alto Carangola até além do Rio Doce, na região do Rio São Mateus.
Deu-se o nome de município do Rio Manhuaçu porque as duas
vilas existentes ali, São Lourenço de Manhuassú e São Simão não ofereciam
condições de instalação de uma cidade. Porém, devido à influência do Coronel
Ardelino de Carvalho que residia em São Simão junto às autoridades em Ouro Preto,
a sede foi para este povoado, cometendo-se assim uma injustiça, já que São
Lourenço do Manhuassú era um centro populacional maior.
Foi nomeado o primeiro conselho municipal, sendo escolhidos
para integra-lo como presidente e Agente Executivo Joaquim Gonçalves Dutra e
demais membros: José Marcellino de Paula, Francisco Moreira Bastos, Francisco
de Assis Toledo e Joaquim da Silva Araújo. Uma das primeiras preocupações do
Agente Executivo foi o de melhorar as comunicações dentro de sua área de
abrangência, mas a falta de estradas no imenso município impediu a instalação
dos distritos.
São Lourenço do Manhuassú continuava crescendo muito mais
que outras povoações da região e não se conformava com a escolha da sede para
São Simão, deste modo um sentimento emancipacionista surgiu entre sua
população. Este movimento cresceu e teve repercussão em toda a região. Apenas
sete dias após a promulgação da lei que instituiu o município aconteceu uma
reunião na residência do tenente-coronel Antônio Rafael Martins de Freitas, que
se tornou líder deste movimento. A reunião foi organizada pelo padre Januário
Portas e nela foi eleita uma comissão destinada a promover a construção da casa
da Câmara e a cadeia, sendo escolhidos ali mesmo os procuradores incumbidos da
coleta de donativos, destinados a cada um deles uma região. Isso se fazia
necessário para preparação do povoado em receber a sede do município em uma
pretensa transferência de São Simão.
Os esforços iniciados nesta reunião não ficaram limitados
somente ali. Eles foram apoiados por personalidades de destaque da freguesia,
como Luiz Antônio Cerqueira, que fez doação de grande terreno para construção
da Paróquia. Antônio Joaquim Sellos e padre Fortunato de Souza Carvalho, que
foi nomeado primeiro vigário em fevereiro de 1878, também se uniram ao
movimento.
Os líderes emancipacionistas promoveram ainda mais melhorias
ao povoado, como a construção de inúmeras casas na margem direita do rio
Manhuaçu, demarcaram nova área para o cemitério, construíram um chafariz na
praça, reformaram pontes e locaram ruas. Esta comissão cumpriu verdadeiro
programa de obras públicas em São Lourenço do Manhuassú, demonstrando seu
espírito progressista.
Mas os líderes políticos de São Simão não ficaram alheios
àquele movimento e trataram de promover suas próprias articulações para que a
sede do município permanecesse naquele povoado. Eles eram liderados por
Alexandrino Teles e Ardelino Augusto de Carvalho, que possuíam em seu favor o
apoio do cônego Teles, que era conservador e possuía bastante influência junto
às autoridades da capital da província.
A força de São Lourenço de Manhuassú se fazia maior com as
suas influentes personalidades, como Francisco de Paula Santos, que conquistou
a simpatia de José Cesário de Faria Alvim Filho, importante político que
interferiu na disputa entre os dois povoados, favorecendo aos anseios da
população de São Lourenço. Deste modo, em 3 de janeiro de 1880, o então
vice-presidente da Província de Minas Gerais durante seu exercício interino
sancionou e fez promulgar a Lei nº 2.557 que transferia para o distrito de São
Lourenço do Manhuassú a sede do município do Rio Manhuaçu e elevando o povoado
à categoria de vila. E para provimento dos cargos eletivos procedeu-se a
primeira eleição municipal em 1º de junho de 1880, sendo eleito para Agente
executivo Joaquim Gonçalves Dutra.
Em 4 de novembro deste mesmo ano, o vice-presidente da
província promulgou a Lei nº 2.665 que criava a Comarca do Rio Manhuaçu, que
era composta também de Santa Luzia do Carangola.
Em 13 de setembro de 1881, através da Lei nº 2.766 a vila de
São Lourenço do Manhuassú foi elevada à categoria de cidade, contando seu
município com seis distritos: Santa Margarida, São Simão, São Roque do
Caratinga, Vermelho, Santa Helena e a sede São Lourenço do Manhuassú. E Joaquim
Gonçalves Dutra, empenhado na organização do município instalou os distritos de
São Sebastião do Sacramento, Senhor Bom Jesus de Pirapetinga e Dores do José
Pedro.
As informações que
auxiliaram na composição destas linhas foram baseadas em um vasto trabalho de
pesquisas, realizado pelo Sr. Ary Nogueira da Gama e também do livro ‘Manhuaçu
Rio e Município’ do escritor José Olinto Xavier da Gama. Eles gentilmente cederam
seus trabalhos à coluna Na Lente da História.
Publicado em 5 de novembro de 2013
Publicado em 5 de novembro de 2013
Escudo da bandeira de Manhuaçu |