Antônio Viana Welerson


Antônio Welerson
Já foram retratados aqui, em mais de uma oportunidade, as biografias de algumas personalidades políticas que viveram em Manhuaçu e ajudaram a escrever algumas páginas da história de nossa cidade. Entre estas personalidades, destacou-se a figura do expoente máximo da ala serafinistas do município em suas primeiras décadas de formação: o próprio Coronel Serafim Tibúrcio da Costa. 

Dando prosseguimento ao objetivo proposto nesta coluna, que é o de abordar fatos e pessoas de nossa história, mas de uma forma imparcial, dando oportunidade para que todos os lados da história sejam contados, nas próximas linhas, será retratada a biografia de outro expoente político, porém do grupo antagônico aos serafinistas: Antônio Viana Welerson, um dos mais conhecidos dolabelistas e patriarca de uma família tradicional de Manhuaçu.
Antônio Welerson nasceu em Ouro Preto, então capital da província de Minas Gerais, filho do professor de mineralogia da Escola de Farmácia de Ouro Preto, Cândido Viana Welerson e Ana Viana Welerson. Ele se formou em Odontologia em sua cidade natal e foi trabalhar em Carangola e vindo passear em Manhuaçu frequentemente, para visitar seu cunhado Leopoldo Nogueira da Gama. Através destas viagens, conheceu Jupira, irmã de Leopoldo, com quem contraiu núpcias em 27 de outubro de 1894, fixando residência em Manhuaçu nesta mesma época.
Conhecido por sua extrema inteligência, senso de justiça e brilhantismo ao falar, ele decidiu tornar-se advogado, trabalhando nas áreas cível, criminal e comercial, conquistando, deste modo, bastante notoriedade em toda a região.
Em 10 de dezembro de 1894 Antônio Welerson foi nomeado pelo presidente do Estado de Minas Gerais, promotor de Justiça da Comarca de Manhuaçu, cargo que já exercia interinamente desde o início daquele ano. E neste cargo prestou relevantes serviços à região, combatendo os desonestos e os criminosos. Exercendo o cargo com dignidade e eficiência, entrou em conflito direto contra o Coronel Serafim Tibúrcio, considerado pelo promotor como um desordeiro. Este embate contribuiu para a eclosão do fato histórico conhecido como a ‘República Manhuassú’.
As informações que chegavam ao Fórum da Comarca davam conta de que Serafim Tibúrcio era um desordeiro, cujo bando invadia fazendas destruindo tudo que encontrava, roubando gado, cavalo e alimentos. As ações deste bando fazia com que muitas famílias ficassem sujeitas aos seus desmandos e perseguições, sendo que na maioria das vezes eram obrigadas a sair de seus lares fugindo e levando os filhos menores em balaios colocados nas costas de burros.
Não reconhecendo a república criada pelo Coronel Serafim Tibúrcio, Antônio Welerson mandou seu cunhado Alceste Nogueira da Gama à capital mineira a fim de conseguir forças militares para expulsar da cidade aqueles que ele considerava como fora-da-lei. Por determinação dos amigos e correligionários, foi nomeado chefe político se opondo aos ditames de Serafim Tibúrcio. E tal oposição contrariou os revoltosos, que decidiram invadir as fazendas do promotor e de Nogueira da Gama, com as ordens de matar a todos, inclusive as crianças, com a pretensão de que as raças não se perpetuassem.
Conta-se que foi um período tão conturbado, que na residência de Antônio Welerson, situada na rua Santo Antônio, atual rua Antônio Welerson em sua homenagem, as portas e janelas eram fechadas a partir das 16 horas e só os parentes e amigos identificados por uma senha eram admitidos.
Após este período da história de Manhuaçu, Antônio Welerson foi eleito deputado estadual pelo Partido Republicano, tendo sido colega e amigo de Arthur Bernardes, que veio a se tornar presidente da República do Brasil. Enquanto deputado participou de importantes comissões, como: Educação, Justiça e Mineração.
Desejando abandonar a política e retornar para Ouro Preto, Antônio Welerson passou o comando político para seu compadre, Dr. João do Amaral Franco, que com este apoio, foi eleito presidente da Câmara e Agente do Executivo. Contrariando as determinações do promotor, que pedira que o novo prefeito não desapropriasse as terras de seus inimigos políticos para a construção da estação ferroviária da Leopoldina, fato que iria provocar a ira do Partido Independente, João do Amaral Franco foi assassinado 29 dias após tomar posse.
Em consequência do assassinato do novo prefeito, Antônio Welerson foi moralmente obrigado a assumir o comando do Partido Republicano, para não deixar seus companheiros sozinhos, sem orientação política.
O promotor foi um trabalhador em prol do progresso de Manhuaçu. sempre preocupado com as questões da Educação, como presidente da Câmara aprovou o projeto que destinava verba para a construção do primeiro grupo escolar da cidade. Empenhou-se para a construção da primeira usina de força e luz, em um período turbulento para a região, onde ninguém queria empregar recursos financeiros, já que Manhuaçu figurava como 2º lugar com maior criminalidade de Minas Gerais, motivados pelos confrontos políticos devido a uma oposição ferrenha.
Antônio Welerson foi advogado, promotor de Justiça, vereador, deputado estadual, presidente da Câmara Municipal e chefe do Executivo em Manhuaçu. E como ilustre homem público, emprestou seu nome a uma das principais ruas da cidade e também a uma escola estadual.



As informações que auxiliaram na composição destas linhas foram baseadas em um vasto trabalho de pesquisas nos arquivos da Fundação Manhuaçuense de Cultura, Câmara Municipal de Manhuaçu e Cartório do Crime, realizados pelo Sr. Ary Nogueira da Gama e que foram gentilmente cedidos por ele à coluna Na Lente da História.


Publicado em 14 de julho de 2013