Cordovil Pinto Coelho

Cordovil Pinto Coelho
Prosseguindo a série em que esta coluna retrata os grandes nomes que contribuíram para com o desenvolvimento de Manhuaçu, esta semana destaca-se o médico Dr. Cordovil Pinto Coelho, que emprestou seu nome à principal praça da cidade, a antiga Praça da Matriz, localizada no Centro de Manhuaçu e que possui em suas extremidades as edificações da Prefeitura Municipal e da Igreja Matriz de São Lourenço. E por ser um dos endereços mais conhecidos da cidade, o nome deste médico está presente na memória de toda a população, mesmo a mais jovem.
Para muitos, as personalidades do passado que emprestam seus nomes aos logradouros caem no esquecimento mesmo como no caso de Cordovil Pinto Coelho, com a praça central recebendo seu nome. Se um turista que estiver de passagem por Manhuaçu e precisar perguntar aos seus moradores onde está localizada esta praça, naturalmente não terá problema em ser direcionado até ela. Mas ao perguntar a estes mesmos moradores quem foi o homem que cedeu seu nome ao local, poucos saberão responder a tal questionamento.
Com o principal objetivo de resgatar os fatos e pessoas que construíram Manhuaçu, a coluna ‘Na Lente da História’ destaca nas linhas seguintes a biografia deste importante personagem de nossa história.
Cordovil Pinto Coelho nasceu na cidade mineira de Porto de Santo Antônio, hoje Astolfo Dutra, no ano de 1885. Estudou no Ginásio Mineiro em Belo Horizonte e cursou medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Formou-se médico com destaque em sua turma no ano de 1910 com a tese “Soro e Diagnóstico da Gravidez”, que devido à sua originalidade na época, foi traduzida para os idiomas francês, espanhol, alemão e japonês.
Ele exerceu a profissão de médico nas cidades de São João Nepomuceno, Barra Mansa e Viçosa, até chegar a Manhuaçu no ano de 1916, onde criou raízes e viveu por 33 anos. Sua vinda para estas terras foi motivada para auxiliar no combate ao surto de paratifo, que assolava todo o município àquela época. Entre as muitas providências deste médico do primeiro posto de saúde inaugurado na cidade, ele proibiu a criação de suínos no perímetro urbano, conseguindo debelar a epidemia.
Dr. Cordovil clinicou por vários anos no Hospital de Manhuaçu, atual Hospital César Leite (HCL), ao lado do Dr. João César de oliveira Leite. Foi também médico-chefe da Cooperativa dos Rodoviários, com sede na comunidade de Realeza.
Durante longos anos militou na política local e estadual, iniciando sua carreira no ano de 1919. Foi deputado da Assembleia Legislativa de Minas Gerais por quatro mandatos pelo Partido Republicano. Defendeu com ardor a revolução de 1930. Foi presidente da Câmara Municipal de Manhuaçu e Agente do Executivo até o ano de 1926 e prefeito da cidade em 1930. Foi sócio fundador e primeiro presidente do Clube Recreativo de Manhuaçu e colaborador na imprensa local, escrevendo alguns artigos para os jornais ‘Cidade de Manhuassú’, ‘O Manhuassú’ e ‘O Democrata’.
Como Agente do Executivo tomou especial atenção com a Educação, criando 16 escolas no município. Construiu o magnífico prédio onde hoje funciona a Escola Estadual Monsenhor Gonzalez e um prédio para uma escola particular que foi precursora da Escola Normal Oficial, atual Escola Estadual Maria de Lucca Pinto Coelho, nome dado em homenagem à sua esposa, que foi professora e diretora naquela instituição de ensino.
Seu governo deu atenção especial também à infraestrutura básica da cidade, melhorando consideravelmente a qualidade de vida da população ao ampliar os serviços de água e esgoto. Construiu a Ponte dos Arcos, então denominada simplesmente como Ponte de Cimento na época. Ampliou e calçou a então Praça Artur Bernardes, que tempos depois recebeu o seu nome como homenagem. Através de suas ações ele preparou a cidade para o período conhecido como a ‘Década de Ouro’, entre os anos de 1925 e 1935 e que já foi abordado aqui no espaço desta coluna.
Revolucionou a zona rural do município em atenção especial à agricultura, abrindo 140 quilômetros de estradas de rodagem para facilitar o escoamento da produção agrícola. Destaca-se a melhoria da estrada que ligava Manhuaçu a Realeza, que futuramente abrigou em grande parte de seu traçado a rodovia BR-262.
Foi responsável por grande transformação no modo de fazer política no município colocando fim ao modo arcaico que vigorava até então, em que os candidatos eram eleitos devido ao partido em que estavam concorrendo e não por sua integridade pessoal, um método que gerava tantos conflitos entre a população de uma cidade que historicamente mantinha enorme efervescência política.
No último ano de seu governo como Agente do Executivo foi criada a Lei nº 131 de 18 de março de 1926, que reformava o Regimento Interno da Câmara Municipal. Pela lei o presidente e vice-presidente da Câmara Municipal seriam eleitos dentre os vereadores na primeira reunião do mandato, persistindo por todo o quatriênio.  E determinava que, como órgão de consulta a Câmara elegeria também na primeira reunião quatro comissões ordinárias: Justiça e Legislação; Finanças; Agricultura, Indústria, Viação e obras Públicas e, por último a comissão de Saúde Pública, Instrução e redação. Com este promissor advento para o novo Governo Municipal, Dr. Cordovil proporcionou ao povo uma radical transformação no modo de pensar e agir politicamente.


As informações que auxiliaram na composição destas linhas foram baseadas em um vasto trabalho de pesquisas, realizados pelo Sr. Ary Nogueira da Gama e que foram gentilmente cedidos por ele à coluna Na Lente da História.

Publicado em 20 de outubro 2013

Vista da Praça Cordovil Pinto Coelho, no Centro de Manhuaçu